De Louco e Dietista, todos têm um pouco!

domingo, julho 26, 2015

Os Super-Heróis da Nutrição

O crescente interesse dos consumidores na alimentação e nos seus efeitos na saúde tem criado um foco, bem forte, sobre os chamados "superalimentos"... Mas afinal, o que são os "Superalimentos"? Será que são os Super Heróis do mundo da Nutrição?

O termo "Superalimentos" tem sido utilizado para descrever alimentos naturais e excelentes fontes de ácidos gordos essenciais, aminoácidos essenciais, antioxidantes, minerais ou vitaminas. Diz-se que a sua incorporação na alimentação diária, melhora de um modo geral a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida.

De facto, existem determinados alimentos cuja composição nutricional pode ser equiparada a uma poção mágica, no entanto não são, nem nunca serão, o equivalente nutricional da fonte da juventude nem vão curar o cancro nem outros problemas de saúde. No entanto, pela poção mágica que constituem, devem ser parte integrante e não exclusiva da nossa alimentação diária.

O mirtilo é, há muito, a capa de revista no tema "Superalimentos" e um dos mais estudados. Crê-se que a sua riqueza em antocianinas, um grupo de compostos antioxidantes, tem a capacidade de inibir o crescimento e matar as células humanas cancerosas do cólon. São igualmente ricos noutros compostos antioxidantes, que demonstraram prevenir e reverter os efeitos do declínio da memória relacionado com a idade em ratinhos.

No capítulo seguinte vem a romã e, vários estudos com o seu sumo, mostram o seu contributo na diminuição da tensão arterial a curto prazo e na redução do stress oxidativo. A sua elevada composição em antioxidantes também não passa despercebida e vários são os autores que apontam a romã como um dos alimentos preventor das doenças neoplásicas. Para além dos benefícios já descritos a romã apresenta também um efeito antibacteriano, antifúngico e antiviral.

açaí também tem sido alvo de muitos estudos. Acredita-se que a sua polpa forneça propriedades antioxidantes relevantes, no entanto, os benefícios para a saúde humana ainda não estão comprovados. No entanto, foram estas propriedades antioxidantes que conferiram a este fruto originário da Amazónia a designação de alimento funcional e de facto, quando comparada com outros alimentos, a polpa do açaí, possui uma maior capacidade antioxidante. Para além das propriedades antioxidantes, o consumo de açaí ou suplementos dele extraídos, parece proporcionar um efeito benéfico ao nível da inflamação, das doenças cardiovasculares, das doenças neoplásicas e do envelhecimento.

Integramos também nesta lista a beterraba e o cacau devido à ação que exercem sobre a saúde do coração. A ingestão de beterraba leva à conversão de nitrato (composto abundante na beterraba) em óxido nítrico que, além de outras funções, parece contribuir para a diminuição da pressão sanguínea e tendência para a formação de coágulos em humanos. Juntemos a esta função o poder antioxidante apresentado (a beterraba é um dos legumes com maior poder antioxidante) e a riqueza em micronutrientes (vitaminas A, B1, B2, B5, B6, B9, C, E, K, cálcio, cobre, ferro, magnésio, manganésio e potássio).
Também o cacau tem sido associado à diminuição do risco de doença coronária pela redução da pressão sanguínea e aumento da elasticidade dos vasos sanguíneos.

A representar a cor laranja e a família dos peixes gordos, aparece o salmão, devido ao elevado teor de ácidos gordos ómega 3 albergados. Crê-se que estes ácidos gordos essenciais são capazes de ajudar na prevenção de problemas cardíacos em indivíduos com risco cardíaco elevado e de aliviar a dor nas articulações dos portadores de artrite reumatóide. Segundo a Associação Americana do Coração mesmo os indivíduos que não apresentam qualquer problema cardíaco podem beneficiar com o consumo de salmão e/ou outros peixes ricos em ómega 3.

Uma primeira análise sobre estes alimentos e referidos benefícios parece dar razão à existência do rótulo "Superalimentos", no entanto, uma análise mais aprofundada permite concluir que a forma como os alimentos são consumidos no dia-a-dia difere da forma como são estudados no laboratório – isolados e em concentrações elevadíssimas. Além disso, os efeitos fisiológicos da maioria destes "Superalimentos" são visíveis a curto prazo, o que implicaria a sua ingestão regular por forma a aproveitar os referidos benefícios. Contudo, tal prática não deve ser atendida pois, o consumo regular acarretaria não só a ingestão dos compostos com propriedades benéficas mas também de outros nutrientes cuja ingestão deve ser moderada.

A ideia de que os alimentos possam conferir benefícios excecionais na saúde é atrativa e, sem dúvida, que os "Superalimentos" captam o interesse do público em geral mas, ao mesmo tempo, não é realista esperar que uma gama específica de alimentos melhore, de forma significativa, o nosso bem-estar.

A verdade é que todos os alimentos podem fornecer nutrientes tão valiosos quanto os encontrados no grupo rotulado de "Superalimentos". Por isso, a sua alimentação deve ser sempre colorida, equilibrada e variada independentemente do "rótulo" concedido a cada alimento.


segunda-feira, julho 06, 2015

Águas aromatizadas, culpadas ou inocentes?

Longe vai o tempo em que a água era única e exclusivamente uma fonte de hidratação. Hoje em dia, são inúmeras as funções atribuídas àquilo que algumas marcas denominam de água.

Água, é aquela bebida "simples", "verdadeira", salubre, incolor, sem sabor ou cheiro e que apresenta apenas sais minerais na sua composição.  Minerais esses que variam em função da Natureza da água.

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Muito conhecidas pelas suas propriedades digestivas são também as águas gaseificadas que tal como a água mineral não sofrem qualquer
alteração das suas características naturais, destacando-se apenas o elevado teor em sais minerais. No entanto, o consumo de água gaseificada deve surgir como um complemento ao consumo da água mineral sem gás e não como fonte exclusiva de hidratação uma vez que, o seu consumo excessivo pode conduzir à formação das chamadas pedras nos rins.

Lado a lado nas prateleiras dos supermercados com as águas minerais e gaseificadas encontram-se as águas aromatizadas que contrariamente às referidas anteriormente apresentam alteração das características naturais. Aditivos, aromas, adoçantes, conservantes, corantes, extratos de plantas e sumos de fruta concentrado são exemplos de tudo o que pode ser adicionado para conferir mais sabor e funções à água e afastá-la da sua definição e função original. Estas garrafas de água com aromas, extratos de plantas e concentrado de frutas não são isentas de calorias sendo o açúcar presente nos referidos concentrados o determinante do valor calórico da bebida. Convém não esquecer que o valor calórico se apresenta por 100ml e as garrafas contém, todas elas, muito mais que a referida quantidade. Expressões como "apenas 1 Kcal" podem induzi-lo em erro e fazê-lo pensar que este é o valor calórico atribuído à quantidade total presente na garrafa mas imediatamente abaixo e em letras bem miúdas e pouco visíveis aparece a restante parte da expressão "por 100ml", por isso, analise sempre o rótulo nutricional e efectue a conversão para o volume da garrafa.
O sabor adocicado associado a estas bebidas pode conduzir a hábitos alimentares menos saudáveis e numa época em que o combate a problemas como a obesidade e o excesso de peso se apresenta como uma tarefa tão árdua, é fundamental moderar o consumo sobretudo pelos mais novos!

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E finalmente, mas não menos importantes, surgem as águas funcionais, às quais são adicionados nutrientes com efeitos funcionais no organismo. São exemplo desta adição as fibras, as vitaminas do complexo B e até a L-Carnitina, todos eles com a promessa de uma silhueta mais elegante, a regulação do trânsito intestinal, o aumento da saciedade e consequente redução do apetite. 

Nunca é demais lembrar que o consumo de fibras e/ou vitaminas deve ser moderado e ajustado a um estilo de vida e alimentação saudáveis, de forma a evitar sobredosagens no organismo. Nada se compara a uma alimentação variada e equilibrada para atingir  a meta desejada.
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Tal como as águas aromatizadas, também estas apresentam valor calórico, conferido maioritariamente pelos açúcares, e respetiva informação nutricional por 100ml e não por garrafa. Efetuando os cálculos nutricionais verificará que uma garrafa de 330ml oferece 40 Kcal e 2g de Fibras tal qual 75g de maçã mas sem todos os conservantes e acidificantes.
E agora pergunto... 
Qual das duas opções o saciará mais?


Independentemente do rótulo, a "verdadeira" água, incolor, salubre, inodora e com pouco sabor continua a ser a melhor forma de hidratação, todas as outras denominações devem ser vistas como um complemento e não como bebidas exclusivas.

Contudo, não quero que tenha motivos para não se hidratar este Verão assim sendo prescrevo-lhe 1L de água + 1/2 chávena de melancia sem sementes e cortada aos cubos + 4-5 folhas de menta ou então opte por 1L de água + 1/2 chávena de frutos vermelhos + 1/ limão cortado em rodelas.

A Vossa Linda Dietista

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