De Louco e Dietista, todos têm um pouco!

sexta-feira, maio 16, 2014

Sou hipertenso, e agora?

Hoje, 17 de Maio, celebra-se o Dia Mundial da Hipertensão. 

Em Portugal, a hipertensão arterial, constitui o maior problema de saúde e apresenta custos elevados, derivados das suas complicações: acidente vascular cerebral (AVC), doença arterial coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica, entre outros.
Para além da sua elevada prevalência, 42%, apresenta também uma taxa de tratamento baixa, 39%, e, apenas 11% dos doentes se encontram controlados.

Designam-se de Hipertensão Arterial todas as situações em que se verifiquem valores de tensão arterial aumentados. Para esta caracterização, consideram-se valores de tensão arterial sistólica superiores ou iguais a 140mmHg (milímetros de mercúrio) e/ou valores de tensão arterial diastólica superiores a 90mmHg.

Como em qualquer patologia, a Hipertensão Arterial, apresenta fatores de risco, nomeadamente: a idade, o género, a etnia, o excesso de peso e a obesidade, o consumo elevado de sal, o consumo de álcool, o sedentarismo, os fatores sócio-econômicos e genéticos. 

O tratamento nutricional visa  incorporar hábitos alimentares saudáveis e permanentes, assim:

Prefira:

- Carnes brancas
- Leite e derivados magros
- Alimentos ricos em potássio - produtos integrais, batata, espinafres, brócolos, alface, cogumelos, nozes, frutos secos, banana e peixe. O potássio provoca um aumento da eliminação da água que provoca um relaxamento dos vasos sanguíneos e reduz a tensão arterial.
- As ervas aromáticas e/ou especiarias em detrimento do sal.
- Peixes gordos - arenque, atum, cavala, salmão e sardinha.
- Pão e derivados sem sal ou integrais.
- Alimentos ricos em magnésio - couve, salsa, espinafrem gérmen de trigo, pão integral, nozes e amêndoas. O magnésio atua como vasodilatador, diminuindo a pressão arterial.
- Alimentos ricos em fibra - cereais, legumes, leguminosas, fruta e frutos secos. A fibra faz com que o alimento seja mastigado por mais tempo e mais exaustivamente. Uma dieta rica em fibras ajudará a prevenir transtornos gastrointestinais, transtornos metabólicos e doenças cardiovasculares.

Evite:

- Alimentos preparados, conservas, enchidos e salgados.
- Alimentos cujo rótulo evidencie sódio.
- Gorduras animais - bacon, banha e manteiga.

Dicas para cozinhar com pouco sal

- Cozinhe ao vapor, em folhas de alumínio e na grelha assim preservará o sabor dos alimentos. Escolha refeições que saibam bem ser a adição de sal.
- Salgue a carne e o peixe apenas no final da confeção.
- Cozinhe as batatas com pele, não adicione sal.
- Substitua o sal por ervas aromáticas e/ou especiarias.
- Evite levar o saleiro para a mesa.

Chá e café, posso tomar?

Contrariamente às crenças populares, o consumo moderado de café, no máximo 3 chávenas por dia, não leva à hipertensão. Depois de beber uma chávena de café é normal que haja um ligeiro aumento da pressão arterial. No entanto, não é duradouro e é seguro. Em situações de tensão arterial muito elevada o café deve ser ingerido com cautela. 
Relativamentevao chá preto, não há nada a apontar ao seu consumo.

Posso continuar a fumar?

O cigarro provoca a contração dos vasos sanguíneos, aumenta a tensão arterial e contribui para a calcificação vascular. Os hipertensos que fumam estão particularmente em risco, tem o dobro do risco de sofrer um enfarte do miocárdio do que os hipertensos não fumadores. Reduzir não é suficiente. Abandone este hábito!

E álcool, posso consumir?

Não há nada a opor ao consumo de álcool moderado. Se toma medicação anti-hipertensiva, o álcool poderá levar rapidamente à fadiga.

Nunca ouviu dizer que a alimentação é a melhor arma?

Sabia que...

Se reduzir o consumo de sal de 12-15g para 4-6g por dia obterá uma redução moderada da tensão arterial de 10-15mmHg. Poderá conseguir uma redução acentuada da tensão arterial reduzindo a ingestão de sal diária para 3g.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o ideal, seria um consumo máximo de 5g diárias de sal, o equivalente a 1 colher de sobremesa.

A Vossa Linda Dietista




quinta-feira, maio 08, 2014

Hipotiroidismo e Nutrição

Seguir um plano alimentar nem sempre é tarefa fácil, principalmente, quando temos determinados problemas de saúde, nomeadamente alterações ao nível da tiróide. Assim sendo, falemos um pouco desta glândula, a tiróide.

Segundo a Sociedade Europeia da Tiróide, 1 em cada 10 portugueses, ou seja 10%  da população! sofre de doenças da tiróide!

O que é a tiróide?

É uma glândula, uma das mais importantes do nosso organismo, localizada imediatamente abaixo da maçã de Adão, na base do pescoço. A sua forma assemelha-se a uma borboleta, cujas asas assentam sobre cada um dos lados da traqueia.



Qual a função da tiróide?

Tem como função a produção, armazenamento e libertação, para a corrente sanguínea, de hormonas tiroideias, T3 e T4, que controlam a velocidade do metabolismo celular. Estas hormonas exercem dois efeitos sobre o metabolismo:

- Estimulam quase todos os tecidos do corpo a produzir proteínas;

- Aumentam a quantidade de oxigénio que as células utilizam.

Assim, quando as células trabalham mais intensamente, os órgãos do corpo seguem o mesmo ritmo e, gastam-se mais calorias.

Para que a produção destas hormonas seja assegurada, a tiróide necessita de iodo, um elemento que os alimentos e a água contêm. Assim que a tiróide capta iodo, conjuga-o com um aminoácido, a tirosina.

Estas hormonas influenciam:

- O batimento cardíaco;
- O peso corporal;
- O nível de colesterol sanguíneo;
- A força muscular;
- A memória;
E muitas outras funções!

Como é feita a regulação da tiróide?

A quantidade de hormonas produzidas pela tiróide é regulada por uma glândula situada na base do cérebro, a hipófise. Uma outra parte do cérebro, o hipotálamo, contribui para esta regulação. Assim, o hipotálamo comunica com a hipófise que, por sua vez, controla o funcionamento da tiróide, isto é,  o hipotálamo segrega uma hormona, a TRH, que faz com que a hipófise produza a hormona estimulante  da tiróide, a TSH que, por sua vez, estimula a tiróide a produzir T3 e T4.

A tiróide liberta, maioritariamente T4 (80%), o que significa que a produção de T3 se limita a 20%, no entanto, a T3 é muito mais ativa que a T4. Uma grande parte da T3, que atua a nível das células de todo o corpo, resulta da conversão de T4 em T3 em vários órgãos do corpo.



O que é o hipotiroidismo?

O hipotiroidismo é uma condição em que as hormonas da tiróide estão em quantidade insuficiente no sangue.

São várias as causas que podem levar ao hipotiroidismo, nomeadamente:

- Doença autoimune - é a causa mais comum nos adultos. As defesas do organismo deixam de reconhecer a tiróide como glândula integrante do corpo e atacam-na como se de um organismo estranho se tratasse. À medida que vai sendo atacada, a tiróide deixa de ter capacidade para libertar hormonas em quantidades suficientes, instalando-se o hipotiroidismo.

- Falta de iodo - este mineral é essencial para a produção de hormonas e, quando em carência na dieta, surgirá um aumento do tamanho da tiróide, reduzindo o seu rendimento, instalando-se o hipotiroidismo.

- Cirurgia prévia - algumas doenças da tiróide exigem uma cirurgia para remoção parcial ou total da glândula e, quando tal acontece, não haverá produção normal de hormonas.

- Outras perturbações menos frequentes em que o hipotálamo e/ou a hipófise não produzem a hormona na quantidade suficiente para estimular o funcionamento normal da tiróide.

Como as hormonas da tiróide atuam na generalidade dos órgãos, os sintomas são variados e incluem:

- Abortos de repetição 
- Aumento da sensibilidade ao frio
- Atraso de crescimento
- Atraso dos reflexos
- Atraso mental
- Cansaço fácil
- Depressão 
- Diminuição da audição 
- Disfunção sexual eréctil
- Fadiga
- Fraqueza muscular
- Infertilidade
- Irregularidades menstruais
- Ligeiro aumento de peso (retenção de líquidos)
- Mialgias
- Obstipação 
- Pele seca
- Queda de cabelo, cabelo fino e quebradiço 

Todos estes sintomas podem estar presentes em muitas outras doenças e condições, não sendo de forma alguma específicos do hipotiroidismo. Assim, algumas pessoas podem apresentar a maioria destes sintomas e não têm hipotiroidismo. 
O diagnóstico definitivo basear-se-à no doseamento no sangue das hormonas da tiróide, T3 e T4, e da TSH.

Como tratar o hipotiroidismo?

O tratamento consiste na administração da hormona da tiróide na forma de L-tiroxina (T4), de forma a fornecer ao organismo a quantidade de hormonas que a tiróide se tornou incapaz de sintetizar. 
O tratamento inicia-se com doses baixas de hormona tiróideia porque os efeitos secundários podem ser graves se a dose for demasiado alta. A dose aumenta gradualmente até que se restabeleça a normalidade dos valores sanguíneos da hormona estimulante da tiróide, a TSH. Trata-se de uma medicação vitalícia.

A nutrição e a tiróide 

O défice de hormonas da tiróide causa um aumento de peso devido à desaceleração do metabolismo. Este aumento de peso pode ser rapidíssimo, tudo depende do desiquilibrio das hormonas tiróideias. Entre as principais causas de problemas na tiróide está uma alimentação desequilibrada, relacionada principalmente com o consumo inadequado de minerais, como o iodo, o cálcio, o ferro e o selénio. Mas também o excesso de peso e a obesidade. Isto significa que, se tem peso a mais, tem maior probabilidade de desenvolver hipotiroidismo, por isso, mantenha um peso saudável r evite complicações ao nível da saúde.

Uma pessoa com hipotiroidismo deve, numa primeira fase, preocupar-se em controlar a doença com medicação. Só depois de superar esta fase deve enveredar por um tratamento nutricional de emagrecimento. Contudo, durante a fase de emagrecimento deve manter a doença vigiada, realizando análises sanguíneas semestrais.

Alimentos a evitar:

- Os alimentos refinados como a farinha de trigo e o açúcar aumentam a necessidade de insulina e, a sua libertação pelo pâncreas exige uma boa coordenação com outras glândulas, nomeadamente a tiróide e as supra-renais. Assim, deve evitar o açúcar, arroz, massas, pão branco, refrigerantes e sobremesas doces;

- A cafeína e o chá verde em excesso interferem com a absorção do medicamento Levotiroxina.

- Os fitoestrigeneos presentes na soja diminuem a absorção do fármaco Levotiroxina no intestino e são capazes de suprimir a atividade da tiróide contribuindo para o agravamento do hipotiroidismo. As isoflavonas, também presentes na soja, apresentam uma estrutura semelhante às hormonas tiróideias, inibindo a fixação de iodo na tiróide.




Alimentos a moderar:

- Os vegetais crucíferos - brócolos, couve - de - Bruxelas, couve - flor, espinafres, milho, nabo e rabanete - especialmente se crus ou mal cozinhados. Estes vegetais contêm glucosinatos que são metabolizados em tiocianatos que, por sua vez, inibem o transporte de iodo e a sua incorporação na tiroglobulina, aumentando assim a produção de TSH e a proliferação das células da tiróide. Quando bem cozinhados, os glucosinatos são neutralizados.


Alimentos benéficos e permitidos:

- Alimentos ricos em iodo: algas - spirulina, por exemplo -, mariscos, peixes do mar e sal iodado - a melhor forma de suplementação -.

- Alimentos ricos em ferro: Carnes vermelhas magras (no máximo 2 vezes por semana), feijão e levedura de cerveja.

- Alimentos ricos em selénio: amêndoas, carne de aves, cereais integrais e marisco.

- Alimentos ricos em zinco: amêndoas , bivalves, carnes vermelhas magras, mariscos.

- Alimentos ricos em fibras - evitam o aumento desmedido de açúcar no sangue e melhoram o funcionamento do trânsito intestinal.

- Alimentos ricos em vitaminas do complexo B - melhoram o funcionamento da tiróide - cereais integrais, gérmen de trigo, levedura de cerveja e nozes.

- Alimentos ricos em ómega 3 - peixes gordos como o atum, a cavala, o salmão e a sardinha e o óleo de linhaça.

- Alimentos ricos em vitamina A - abóbora, cenoura, fígado, frutas de coloração amarela e gema de ovo.


Se suspeita ou sofre de um distúrbio da tiróide consulte, em primeiro lugar, o seu médico. Depois, melhore a sua alimentação consultando um Dietista ou Nutricionista.



A Vossa Linda Dietista,